E a 4 dias de partir...

Eu nunca fui de acreditar em "inferno astral", ou qualquer outra surperstição. De certo, por vezes usei e usarei tal palavra com o intuito de definir a mescla de coisas, obviamente não boas, ocorridas em algumas ocasiões, nada mais além disso!

Ano passado por volta desta data, minha mãe ainda não havia sido internada, e tão pouco eu imaginava que em 1 mês ela não estaria mais comigo. O que vivenciei  do dia 10 de junho  até o dia  25 de junho de 2011 (e após isso, com as burocracias envolvendo um falecimento), foi tão esgotante quanto o atual momento. Óbvio que por diferentes razões, onde diferentemente da época, hoje todos os envolvidos estão saudáveis.

Eu vivo um turbilhão de emoções que sugam minha energia de tal forma que ontem, eu não aguentei. Chorei muito, era mais um tapetão vermelho (ou seria preto), se desenrolando e mostrando todo o chorinho engolido pouco a pouco durante dias.

Sei que vivo reclamando de inúmeros aspectos, mas não está fácil! As pessoas em geral não tem palavra, te tapeiam facilmente quando vc está vulnerável. E esse pessoal é escolado em descobrir pessoas emocionalmente colapsadas! kkkk (nem sei pq estou rindo, faria parte do colapso?).

O "Fabiana pra isso e para aquilo", tem sido estafante, e o "Fabiana para aqui e para acolá" tb! As vezes eu queria ser RICAH (sim, com uma H no final pra enfatizar a riqueza. Dããr). E ai sim, poderia delegar responsabilidades (será?).

Acho que muitos já repararam que eu não falo tanto assim da minha vida profissional, mas eu e marido temos um negócio que irá continuar aqui...Temos há anos uma administradora para cuidar disso. E mesmo assim eu não consigo me libertar, preciso decidir, e quando me dou conta, estou pior que novelo de lã de tão enrolada envolvida nos assuntos. Esse negócio é relacionado a reformas de imóveis e maridão e eu, decidimos o que será feito, o prazo, com quem e onde! Trabalhar com os rapazes de reforma é algo um tanto... difícil. Temos um rapaz de confiança, mas ele tem outros compromissos e acaba por  vezes atrasando as obras.

Além de toda a mudança, eu tenho saido sempre pra comprar materiais de construção, pra resolver tudo, conferir contas, ir a bancos resolver assuntos, entre outros.  É muito doido, pq eu sou uma pessoa que NÃO sabe delegar, e isso arruina comigo e pode tb estagnar os negócios. O meu imenso problema, é achar que ninguém faz melhor que eu, o que me sobrecarrega imensamente!

Agora vcs podem imaginar eu resolvendo isso,  sendo dona de casa (eu não tenho empregada), mãe, ajudando a Lou na lição de casa, e ainda por cima tendo uma mudança internacional a fazer?

Eu estava desde novembro conversando com um despachante, e me senti segura com o gentil senhor que me atendeu por todo este tempo. Mas há alguns dias antes de tudo sair daqui, ele me gerou inúmeras inseguranças... Eu fiquei perdida! Achei que teria que cancelar meu voo, que tudo iria dar errado. Procurei outra empresa na última hora, e bati com burros n´água (como diria vovó), valores exorbitantes, prazos ridículos!!! Justo pra mim isso iria acontecer? Uma pessoa que adora ver coisas antecipadamente pra não se atrapalhar? SIMMMM! Justo pra mim aconteceu! rs

O peso nas minhas costas foi aumentando e aumentando, eu comecei a ficar confusa. Minha memória bifou, deu pane, curto circuito, biriri... Eu nem argumentar conseguia, parecia uma abobada...

"- Ok, a mudança não sai no dia combinado, então nesse dia eu venderei o carro" - pensei  E mais uma vez, o biriri apareceu... fiz trapalhadas, esqueci documentos, não prestei atenção em coisas cruciais! Mas eu me esforçava, tentava focar, mas não conseguia! As letras de um texto se embaralhavam...As palavras do cara pareciam não chegar ao cérebro Eu estava tão vulnerável que, se o cara quisesse que eu assinasse um papel falando que eu era louca, eu ia ler outra coisa e assinar de boa!

Chegando em casa eu chorei, chorei e chorei de novo. O que estava acontecendo, o pq dessa pasmaceira abobada?
Liguei pro cara que comprou o carro pra tirar duvidas que deveriam ser tiradas antes da assinatura (coisas que eu to cansada de saber, mas que na pane, apagaram da memória)... Eu quis minha mãe, quis minha mãe para me abraçar, dar um alento ou pra me encher de palavras que eu não queria ouvir, mas eu não tinha ninguém... Meu marido estava trabalhando, e eu estava com vergonha de contar meu estado. Sim, sou orgulhosa demais, e holandeses não são tão emocionais pra entender essa choradeira descontrolada.

Me perdi na frente do PC... fiquei olhando pro simbolo do skype e querendo falar com minha mãe... rs Esse céu é muito antiquado sem internet! rs E naquele momento minha sogra entrou (como uma boa holandesa, ela tb reage mais racionalmente), e eu a peguei de lenço! Falei tudo que estava me atormentando... tudo que estava me deixando pra baixo... Me senti um pouco melhor, mas o sentimento de cansaço e estresse se transformou em saudade, saudade da mãe, da lica... E ai a coisa foi crescendo! Saudade de dizer: "- Mãe, até logo, vou viajar, e venho te ver ano que vem..." Saudade de contar coisas da Louise...

Ai foi vindo tudo na cabeça, tudo, tudo... e quando eu deitei, a Louise falou que estava esquecendo a voz e o rosto da vovó! Eu desabei, quis sumir... não consegui me controlar. Louise enxugava minhas lágrimas em silêncio.


Eu não me sinto em depressão, eu não sou infeliz, eu tenho uma linda familia que amo. Estou concretizando meu sonho de voltar... de uma vida menos corrida e estressante, mas neste momento eu ainda não to curtindo a transição por todos os motivos citados, e pelos não citados que tb são inúmeros!

Pensei que um ciclo havia se fechado quando a mamãe morreu, mas eu to achando que ele se completa mesmo quando eu partir! Que venha logo a minha nova vida e que seja mais leve do que está que vivi por 5 anos!

Beijos